sábado, 23 de janeiro de 2010

Coldplay "Yellow"

Quantos de nós não se sentiram já assim? Sentindo que tudo o que existe, acontece, e nós mesmos fazemos, está direccionado somente para alguém que, naquele momento, achamos importante? Quantos de nós não se desprenderam já do que é na realidade supérfulo para se dedicarem quase (senão mesmo) exclusivamente a uma pessoa? Quantos de nós não acharam já que, aquela pessoa, era sem dúvida alguma, a única razão para tudo o que demais existe à nossa volta? Quais de nós não passaram já dias a rir sem parar e com aquele sorriso (dito idiota) na cara, durante 24 horas, sem que as preocupações habituais e que tanto outrora nos incomodavam, nos parecessem realmente tão importantes? Quantos de nós não sentiram o coração acelerar ao receber uma mensagem pensando se tratar daquela pessoa? Quantos de nós não sentiram o dia ter mais de 24h por tanto demorar a hora para o tal encontro, o tal café, o tal jantar... Quais de nós não acordaram com a sensação de que aquele era o dia mais bonito de sempre porque iríamos ver a tal pessoa? Quantos de nós não tiveram já trocas de olhares que só nós e aquela pessoa somente percebem? Para quantos de nós o silêncio com aquela pessoa não valeu mais do que um milhão de palavras? Para quantos de nós não foi preciso mais do que um "Olá" para o dia ser estupendo?
Quais de nós não estiveram já realmente apaixonados?


Mas a questão não se prende aqui pelo sentimento em questão; a questão reside no facto de se as nossa acções estarão ou não correctas. Serão realmente acertadas todas as entregas que por vezes fazemos a alguém? Será necessária a ansiedade pela qual passamos para estar com aquela pessoa? Serão precisas as angústias que sofremos por não termos notícias da tal pessoa?
Não. Nada disto é necessário, e todos nós o sabemos. No entanto, também por isto todos nós passamos. Somos portanto um ser meramente masoquista: um ser que sabe o que evitar, que sabe o que lhe faz mal, que sabe as atitudes a ter e a não ter, as palavras a dizer e as que não deve proferir... no entanto, agimos numa grande maioria da vezes, ao inverso do que é correcto. E porquê? Estaremos nós num estado de invalidez mental para agirmos erradamente, precipitando-nos sobre coisas que sabemos que não devemos? Actuando de forma tão ávida que chega a afligir também quem de fora observa? Talvez. Talvez ao nos revelarmos como seres masoquistas, percamos a capacidade cognitiva em relação a esta mesma temática e a outras.
Talvez a resposta esteja no facto de, este estado de insanidade consentida, nos transmitir uma sensação de plena realização, de não preocupação, de mundo perfeito... sensações que, no habitual dia-a-dia, não nos é permitida, ironicamente, por nós próprios. Sentimo-nos no direito portanto de "ser loucos" pois esta loucura é bem vista aos olhos dos demais sem ser por isso julgada.
Sejamos então todos loucos nesta e noutras ocasiões, pois a opinião de 99% dos que nos rodeiam não vale rigorosamente nada, não passando de pontos de vista de gente que nos inveja.



(Ainda que restem dúvidas dêem uma olhadela http://www.youtube.com/watch?v=tVrrAP-ntMc )



F. FDP

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